Pós-verdade e a crise do sistema de peritos

Uma explicação cibernética

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O artigo propõe uma explicação cibernética (Bateson, 1972) para a pós-verdade partindo de reflexões clássicas no campo CTS (Ciência, Tecnologia e Sociedade) sobre como a verdade é produzida, notadamente Thomas Kuhn e a etnografia de Bruno Latour, Vida de Laboratório. Argumenta-se que o termo pós-verdade indica um ambiente de entropia informacional crescente derivado da intensificação extensiva (global) e intensiva (personalização) do duplo processo de digitalização e neoliberalização. A perspectiva estrutural permite ver, como parte de uma mesma infraestrutura emergente, fenômenos que vimos tratando separadamente em tópicos como neoliberalismo, política populista, desinformação, mídias sociais, punitivismo, entre outros. Além de indicar, com base em pesquisa sobre a digitalização da política no Brasil, como o ambiente epistêmico tem se reestruturado como consequência da crise confiança no sistema de peritos, o artigo elabora paralelos estruturais que atravessam toda a constelação contemporânea do neoliberalismo digitalizado: colapso de contexto, performatividade, verdade como a posteriori, sujeito influenciável, mediações (i)mediatas, invisibilização de assimetrias emergentes, conteúdo gerado pelos usuários e estruturas organizacionais do tipo pirâmide.
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